Prefeito de Divinópolis recomenda suplemento sem registro na Anvisa; deputada solicita apuração do Ministério Público
De acordo com informações disponíveis, a fabricante do produto divulga o suplemento como natural e atribui a ele propriedades capazes de auxiliar no controle da compulsão alimentar, da ansiedade relacionada ao consumo de alimentos, na aceleração do metabolismo e no equilíbrio hormonal. No entanto, tais alegações contrariam a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 243/2018 da Anvisa, a qual proíbe a vinculação de suplementos alimentares a efeitos terapêuticos ou medicinais.
A gravação em que o prefeito aparece relatando sua experiência pessoal com o suplemento foi realizada em um ambiente no qual aparecem ao fundo as bandeiras do Brasil, do estado de Minas Gerais e do município de Divinópolis, o que sugere se tratar de um espaço institucional, presumivelmente público.
Em declaração ao g1, Azevedo afirmou que sua iniciativa decorreu de um pedido da empresa fabricante. “Gravei a pedido da empresa. Fiz uso do produto e obtive resultados positivos. Já havia visto outras pessoas, incluindo influenciadores e apresentadores de televisão, fazendo recomendações semelhantes. O vídeo foi realizado de forma espontânea, sem qualquer tipo de benefício ou vantagem pessoal”, declarou o prefeito. Questionado quanto ao local da gravação, o chefe do Executivo municipal optou por não responder.
O vídeo, embora não tenha sido publicado nas redes sociais oficiais do prefeito, foi amplamente compartilhado em páginas e perfis locais na internet e chegou a ser exibido no site da fabricante do suplemento, que posteriormente foi retirado do ar após o episódio repercutir e gerar questionamentos quanto à legalidade da promoção do produto.
Na gravação, Gleidson Azevedo afirma que o suplemento, denominado MonjaSlim, teria contribuído de maneira significativa para sua perda de peso:
“Muita gente me pergunta: ‘Ô prefeito, você emagreceu demais! Está usando Ozempic? Está usando Mounjaro?’ Ninguém vê a hora que a gente acorda para se exercitar. Mas algo que me ajudou bastante foi esse suplemento aqui, o MonjaSlim, que é 100% natural.”
A Anvisa, por sua vez, confirmou que o produto em questão, bem como eventuais variações de nome, não possui registro no órgão, o que impossibilita sua comercialização regular no país.
Diante do caso, a deputada estadual Lohana França (Partido Verde) encaminhou, no dia 14 de julho, uma notícia de fato ao Ministério Público de Minas Gerais, solicitando a apuração de possíveis irregularidades administrativas cometidas pelo prefeito, incluindo o uso de espaço público para fins promocionais e eventual vínculo entre o gestor e a empresa fabricante.
Em nota, o Ministério Público informou que a representação foi recebida pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Divinópolis, e que o conteúdo encontra-se em fase de análise preliminar. Gleidson Azevedo declarou que ainda não foi notificado oficialmente sobre o pedido de investigação.
Fonte: G1 Centro-Oeste de Minas
