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Relatório aponta redução de desigualdades no Brasil, mas persistem disparidades entre regiões, gêneros e grupos raciais

Relatório aponta redução de desigualdades no Brasil, mas persistem disparidades entre regiões, gêneros e grupos raciais

Apesar das melhorias em diversos setores, persistem desigualdades estruturais no país, especialmente aquelas relacionadas à cor/raça, gênero e localização geográfica. O documento revela que o progresso tem ocorrido de forma lenta e ainda insuficiente para transformar de maneira efetiva a realidade social de grande parte da população.

Educação

O estudo destacou um aumento na taxa de escolarização. O número de crianças de 0 a 3 anos que frequentam creches subiu de 30,7% para 34,6% entre 2022 e 2024. No entanto, essa porcentagem ainda está abaixo da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que previa o atendimento de 50% das crianças nessa faixa etária até 2024.

No ensino médio, a taxa de escolarização subiu de 71,3% para 74% no período. Já no ensino superior, passou de 20,1% para 22,1%. Ainda assim, a maioria dos jovens entre 18 e 24 anos segue fora das universidades.

As mulheres continuam superando os homens no acesso ao ensino superior, principalmente as não negras (32,4%), em comparação às mulheres negras (20,3%).

Trabalho e Renda

O rendimento médio dos trabalhadores cresceu 2,9% em 2024, alcançando R$ 3.066, e a taxa de desocupação caiu para 6,6%, com maior redução entre mulheres (de 9,5% para 8,1%) e pessoas negras (de 9,1% para 7,6%).

Apesar disso, a concentração de renda permanece elevada: os 1% mais ricos do país possuem rendimento médio 30,5 vezes maior que os 50% mais pobres — um número ligeiramente menor do que o registrado em 2023 (32,9 vezes).

Houve também uma redução de 23,4% no número de pessoas pobres, de acordo com os critérios do programa Bolsa Família.

Meio Ambiente

O relatório aponta queda nas emissões per capita de dióxido de carbono (CO₂), de 12,4 toneladas em 2022 para 10,8 toneladas em 2023. Também foi registrada uma redução de 41,3% no desmatamento entre 2022 e 2024. Entretanto, alguns estados, como Acre, Roraima e Piauí, tiveram aumento nas áreas desmatadas.

Ativistas ambientais alertam que o modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio contribui para a degradação ambiental e para o agravamento de conflitos territoriais, especialmente em regiões habitadas por populações tradicionais, indígenas e quilombolas.

Saúde

Houve um avanço expressivo na redução da mortalidade materna, que passou de 113 para 52 mortes por 100 mil nascidos vivos entre 2021 e 2023. Contudo, as regiões Norte e Nordeste ainda apresentam taxas superiores à média nacional.

Por outro lado, a mortalidade infantil aumentou entre 2021 e 2022, mantendo-se estável em 2023, com destaque negativo para os estados de Roraima, Amapá, Sergipe e Amazonas.

A mortalidade por causas evitáveis também subiu, atingindo 39,2% em 2023. O impacto é maior entre negros e jovens negros, que continuam mais expostos à violência e à ausência de cuidados preventivos.

Violência de Gênero e Juventude

A violência contra as mulheres permanece como um grave problema. Os casos de feminicídio aumentaram de 1.350 em 2020 para 1.492 em 2024. A taxa de homicídios de jovens entre 15 e 29 anos apresentou queda (de 49,7% para 45,8%), mas os números continuam elevados, especialmente entre jovens negros.

Populações Indígenas e Desigualdade Racial

Os dados mostram que as populações indígenas enfrentam condições precárias, com altos índices de desnutrição e violência. Em 2023, 208 indígenas foram assassinados, sendo os estados de Roraima, Mato Grosso do Sul e Amazonas os mais críticos.

Há também desigualdade no acesso à educação infantil: crianças negras, sobretudo meninas, têm menor acesso a creches em relação às não negras, com exceção das regiões Nordeste e Centro-Oeste, onde a presença de crianças negras em creches é maior.

Outros Indicadores

  • O índice de alfabetismo funcional (Inaf) permaneceu em 29,4% entre 2018 e 2024, com homens apresentando taxas mais altas que as mulheres em todas as regiões.

  • O número de pessoas em áreas de risco subiu 7,5% entre 2023 e 2025, totalizando 4,3 milhões.

  • O percentual de mães adolescentes caiu, mas a desigualdade racial persiste: em 2023, 13,8% dos nascimentos foram de jovens mães negras, contra 7,9% de mães não negras.

Justiça Tributária

O relatório também evidencia a regressividade do Imposto de Renda. A carga tributária efetiva é menor para quem tem rendimentos muito altos. Os contribuintes com renda superior a 320 salários mínimos viram sua alíquota média cair de 5,43% para 4,87%.

Conclusão

O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, representante do Pacto, afirmou que o país apresenta possibilidades reais de transformação por meio de investimentos em emprego de qualidade, industrialização e políticas públicas eficazes.

Já a técnica do Dieese, Adriana Marcolino, reforçou que, mesmo com melhorias, as desigualdades sociais no Brasil continuam profundas, exigindo ações estruturadas e de longo prazo.

Fonte: Agência Brasil

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