"Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de História", afirmou o ex-presidente Lula, em seu primeiro pronunciamento após a anulação de suas condenações no Lava Jato
Em seu primeiro pronunciamento após o ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF) anular suas condenações no Lava Jato e torná-lo novamente elegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (10) que tinha certeza que esse dia chegaria e ele seria inocentado. "Eu sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de História", disse Lula.
O ex-presidente destacou que teria razão para ter "profundas mágoas", mas que sua preocupação neste momento é com a população mais pobre que está sofrendo por causa da pandemia. "Sinceramente eu não tenho mágoas porque o sofrimento que o povo brasileiro está passando é infinitamente maior do que qualquer crime que cometeram contra mim", declarou Lula.
Em seu pronunciamento, Lula aproveitou ainda para agradecer a decisão do ministro Edson Fachin e destacou que pretende continuar lutando para que o juiz Sérgio Moro seja considerado suspeito "porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar", ressaltou o ex-presidente.
Lula chamou a força-tarefa da Lava Jato de "quadrilha". "Hoje, eu tenho certeza que o Moro e o Dallagnol devem estar sofrendo muito mais do que eu sofri. Eles sabem que cometeram um erro e eu sabia que eu não tinha cometido um erro”, afirmou o ex-presidente, que se solidarizou com as famílias que perderam entes queridos por causa da Covid-19.
Lula também chamou o presidente Jair Bolsonaro de "fanfarrão" e criticou a forma como ele está governando o país. "O Brasil não tem governo. A nossa população precisa de emprego e não de armas. Precisamos que sejam tomadas decisões capazes de retomar o rumo do país", ressaltou o ex-presidente, que também se manifestou sobre a atuação de Bolsonaro no combate à Covid-19.
"Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do Covid. E mesmo depois de tomar a vacina a população precisa continuar fazendo o isolamento, usando máscara e utilizando álcool em gel", ressaltou Lula.
Como forma de ajudar a população financeiramente durante a crise da pandemia, Lula defendeu o Auxílio Emergencial e criticou a paridade de preços dos combustíveis do Brasil com o mercado internacional. O ex-presidente defendeu o diálogo com os empresários e criticou as medidas adotadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Você já viu o Guedes falar uma palavra de desenvolvimento econômico e distribuição de renda? Não, é vender. Quando eles vendem e gastam o dinheiro em custeio, o país vai estar mais pobre. O PIB não vai crescer e a dívida vai continuar crescendo. Se o Estado não confia na sua política e não investe, por que o empresário haveria de investir?", argumentou Lula.
Mesmo questionando a forma como os meios de comunicação fizeram a cobertura da Operação Lava Jato, Lula defendeu a liberdade de imprensa no Brasil. "Eu fiquei muito feliz porque depois da divulgação de tanta mentira contra mim, nessa terça-feira (9) eu acho que nós tivemos um Jornal Nacional épico. Quem assistiu não estava acreditando no que estava vendo. Pela primeira vez, a verdade prevaleceu", ressaltou o ex-presidente, que não assumiu se irá disputar a eleição em 2022.
"Nós vamos discutir se vai ter candidato de frente ampla de esquerda, se vai ter um candidato do PT, mas aí é mais para frente. Nós temos muita coisa para fazer antes de pensar em nós mesmos", ressaltou o ex-presidente.
Fonte: Agências de Notícias
Foto: Ricardo Stuckert / Site do Partido dos Trabalhadores