Saúde

Falando de saúde: Diabetes

Falando de saúde: Diabetes

O Achei Pará de Minas retoma hoje a série de matérias com o estudante de Medicina da UFMG, o paraminense Yuri Martins Silva. Hoje ele vai falar sobre o Diabetes. Yuri explica que a doença é uma condição em que a pessoa tem mais glicose no sangue do que deveria ter normalmente.

“O Diabetes é uma doença muito perigosa, pois níveis altos de glicose no sangue de forma duradoura causam consequências ruins ao nosso corpo”, afirmou o estudante de medicina. Para esclarecer melhor o leitor sobre o assunto, Yuri explica em quatro tópicos como o corpo humano funciona.

 1) Seu corpo é feito de pequenas e microscópicas partes que são chamadas de células. Todas elas, assim como o seu corpo como um todo, precisam de energia para funcionar. Precisamos de energia para nos esquentar, andar, comer, fazer nossas necessidades, falar, interagir com pessoas. Só vivemos porque gastamos energia.

2) Toda nossa energia é obtida por meio da alimentação, por isso ela é essencial para vivermos. O que acontece é que, na nossa alimentação em geral, nós ingerimos carboidratos que são digeridos em açúcares, sendo o mais importante a glicose. Então é essa glicose que será a nossa moeda de troca de energia, ou seja, ela vai parar no sangue em direção às nossas células e, entrando nelas,  é trocada por energia.

3) Para entrar na célula a glicose precisa  da insulina. Então no fim das contas temos principalmente dois tipos de diabetes: ou você para de produzir a chave que libera o acesso da glicose na célula (DM tipo 1: seu órgão chamado pâncreas para de produzir insulina) ou você tem um problema na fechadura da célula (DM tipo 2: fenômeno da resistência à insulina, significa que você produz insulina, mas não consegue mais fazer tanto efeito quanto fazia antes).

4) O diabetes tipo 1 começa principalmente na infância e adolescência por condições auto-imunes, ou seja, o próprio sistema imunológico destrói o pâncreas, o responsável por produzir insulina. O diabetes tipo 2 começa mais tardiamente a partir da fase adulta principalmente em pessoas obesas e sedentárias, que são condições que atrapalham o efeito da insulina nas células, e com pessoas na família com diabetes tipo 2. O mais frequente é o tipo 2 e ele está cada vez mais aumentando, uma vez que também existe uma pandemia muito “forte” e crescente de obesidade e sedentarismo, especialmente no nosso país.

De acordo com Yuri Martins, o Diabetes tipo 1 geralmente se desenvolve quando o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina (chamadas células beta) do pâncreas. Isso é chamado de resposta auto-imune. A causa dessa resposta imune anormal está sendo estudada.

O diabetes tipo 1 pode se desenvolver em pessoas com histórico familiar de diabetes tipo 1, mas também se desenvolve em pessoas sem histórico familiar. “Nos dois casos, as pessoas que desenvolvem diabetes têm, no seu próprio DNA, um ou mais genes que as tornam suscetíveis à doença”, afirmou o estudante de medicina.

Yuri explica que o teste genético pode ajudar a determinar se um membro da família está em risco de desenvolver diabetes. No entanto, esses testes estão atualmente disponíveis apenas para pessoas que participam de algum estudo científico.

“Nesses estudos, o objetivo é ver se a criança, que vem de uma família com casos de diabetes tipo 1, produz esses auto-anticorpos que destroem o pâncreas antes de ter os sintomas do diabetes, observando quando começa a produzir, qual teste tem melhor eficácia e isso é muito importante para entendermos a doença e até preveni-la”, ressaltou Yuri.

“Fatores ambientais e algumas infecções virais na infância podem desencadear essa resposta auto-imune que destroem as células do pâncreas que produzem insulina. Dentre essas condições, temos fatores perinatais ,,ou seja, quando o bebê está na barriga da mãe e ela está se expondo a certas condições, infecções virais, hábitos alimentares e tratamento de câncer (imunoterapia com inibidor de checkpoint)”, ressaltou o estudante.

Yuri informou que sobre os fatores perinatais já foi realizado um estudo com 892 crianças com diabetes e 2.291 crianças normais na Europa. Fatores como idade materna, existência de pré-eclâmpsia, doença respiratória neonatal ou icterícia, principalmente por incompatibilidade de grupo sanguíneo ABO aumentaram o risco de diabetes na criança depois de nascer. 

Outra questão observada foi o peso e o comprimento do bebê, sendo que bebês maiores e principalmente mais pesados estão com maior risco de desenvolver o diabetes. Existe um certo padrão no desenvolvimento do bebê dentro do útero, Então a mãe deve levar um vida saudável para que seu bebê possa nascer dentro do esperado e não pesado demais. 

Sobre o papel das infecções virais na causa do diabetes quase nada está definido. “Alguns estudos mostram que infecções intestinais virais tanto na gravidez quanto no bebê depois de nascer estão associadas com maior risco de desenvolvimento de diabetes”, ressaltou Yuri.

O estudante de medicina também destacou a relação do Diabetes com os alimentos, entre eles o leite de vaca. Segundo Yuri Martins, não há evidências de que ele aumenta o risco do desenvolvimento de diabetes. 

“Pelo contrário, existem estudos que mostram um efeito protetor da vitamina D. O  leite é um dos principais alimentos que contêm essa vitamina. Somente é necessário seguir as orientações atuais do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria”, destacou Yuri. 

Outro fator importante é o momento da introdução alimentar dos cereais. Em bebês com alto risco genético de diabetes tipo 1, a primeira exposição a cereais antes dos 3 meses ou após 7 meses foi associada a um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 1 em comparação com crianças cuja primeira exposição foi entre as idades de 4 a 6 meses.

“O risco aumentado foi associado a cereais contendo glúten em um estudo, mas com cereais contendo glúten ou arroz em outro. A introdução precoce de glúten (meses de idade) aumenta o risco de doença celíaca.  Com base nesses dados, não recomendamos alterar as diretrizes atuais de alimentação infantil que afirmam que os cereais devem ser introduzidos entre as idades de quatro e seis meses”, afirmou o estudante.

Por último, Yuri destaca o ômega-3, importante vitamina presente no óleo (gordura) que vem dos peixes. “Ainda está em andamento um grande estudo que está testando a suplementação dessa vitamina para a prevenção de diabetes  em bebês com maior risco genético e familiar de diabetes”, afirmou Yuri. 

“Como a nossa dieta ocidental que valoriza mais carne bovina do que peixes e frutos do mar, vemos uma associação no aumento de diabetes aqui na região. Então, como a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a carne de peixe entre as proteínas a serem dadas aos bebês na introdução alimentar é importante dar uma variada no cardápio”, declarou o estudante.

Texto: Antônio Anderson

Foto: Reprodução da Internet

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