Saúde

Lei assinada por Bolsonaro descarta aprovação de vacina pela Anvisa; descumprimento é crime de responsabilidade

Lei assinada por Bolsonaro descarta aprovação de vacina pela Anvisa; descumprimento é crime de responsabilidade

Apesar do presidente Jair Bolsonaro falar que não autorizou a compra da vacina chinesa CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac, porque ela não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a legislação de combate à pandemia, assinada pelo próprio presidente em 6 de fevereiro de 2020, prevê a possibilidade de uma vacina ser comprada e distribuída mesmo sem autorização prévia do órgão.

De acordo com o artigo 3º da lei 13.979, existe uma “autorização excepcional e temporária para a importação e distribuição de quaisquer materiais, medicamentos, equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária sem registro na Anvisa considerados essenciais para auxiliar no combate à pandemia do coronavírus”. Ainda segundo a lei, para a distribuição de medicamento, equipamento ou insumo, eles devem ter sido registrados "por pelo menos uma vez pelas autoridades sanitárias estrangeiras e autorizados à distribuição comercial em seus respectivos países".

De acordo com o doutorando em Direito Constitucional pelo IDP/DF e mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada/Espanha, Accacio Miranda, a vacina está inserida nessa excepcionalidade. “Diante disso, pode ser feita a aquisição, independentemente da aprovação da Anvisa”, explicou. Segundo o advogado, o não comprimento dessa excepcionalidade pode, inclusive, reverberar no cometimento de crime de responsabilidade.

 A lei também obriga a vacinação e outras medidas profiláticas aos brasileiros. Também de acordo com o Artigo 3º da Lei 13.979,  para o  “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus” poderão ser tomadas as seguintes medidas: isolamento e quarentena. Além disso, a lei obriga também a realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais, coleta de amostras clínicas, vacinação e outras medidas profiláticas ou tratamentos médicos específicos.

Após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar a compra da vacina do Butantan, Bolsonaro desautorizou a operação. O presidente justificou a decisão dizendo que a vacina chinesa ainda não estava pronta e precisava, antes de qualquer acordo de compra, ser aprovada pela Anvisa. Diversas vezes ele também disse que não aceitaria uma vacina ligada à China. Bolsonaro justificou a decisão afirmando que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém".

Nas redes sociais, Bolsonaro chamou a vacina de 'chinesa de João Doria', e afirmou que, 'antes de ser disponibilizada à população, a eficácia deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa'. Após as falas do presidente, governadores reagiram à situação e ameaçaram ir até o STF.

Fonte: Estado de Minas

Foto: Reprodução da Internet

#vacina #coronavac #institutobutantan #laboratóriosinovac #anvisa

Veja também

Assine nossa Newslleter

Inscreva-se e receba nossas novidades e o resumo das notícias
da semana em primeira mão!