Psicólogo do Transformação de Pará de Minas falou ao Achei Pará de Minas sobre o Dia Nacional da Visibilidade Trans

Com o objetivo de promover reflexões sobre a cidadania das pessoas travestis, transexuais (homens e mulheres trans) e não-binárias (que não se reconhecem nem como homens nem como mulheres), o Brasil comemora neste sábado (29) o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Para falar sobre o assunto, a reportagem do Achei Pará de Minas conversou com o psicólogo Marcelo Guaraciaba que trabalha no Transformação Centro de Atendimento à Saúde LGBTQIA+ de Pará de Minas.

Marcelo Guaraciaba destacou que na virada de 2019 para 2020 foi feita uma pesquisa no Brasil segundo a qual a população trans no país é de 1,9% do total de habitantes, aproximadamente 4 milhões de pessoas. Segundo ele, trazendo isso para Pará de Minas, são cerca de 2.000 pessoas no município.

“Esta data tem como objetivo destacar a importância da diversidade e a urgente necessidade de respeito. Infelizmente, o Brasil é o país onde mais se mata a população trans no mundo. A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos, menos da metade do restante da população”, afirmou Marcelo Guaraciaba.

O psicólogo afirmou que de cada cinco pessoas atendidas pelo Transformação em Pará de Minas uma é transgênero. Marcelo Guaraciaba destacou que apesar do trabalho realizado pelo centro, muitas pessoas acabam não procurando o serviço de saúde por causa das várias violências que elas já sofreram por causa de sua sexualidade.

“São violências físicas, sexuais, psicológicas e verbais. Por causa disso, estas pessoas não concluem seus estudos e não conseguem emprego. Em muitos casos, elas acabam se tornando profissionais do sexo por falta de opção profissional”, ressaltou o psicólogo.

“E foi também para ajudar estas pessoas que criamos o Transformação.  Fizemos um levantamento junto ao Diversidade, que representa o grupo LGBTQI + de Pará de Minas, e tivemos uma ideia da realidade deste grupo no município”, afirmou Marcelo Guaraciaba.

O psicólogo disse que em pouco mais de um ano de funcionamento o Transformação conseguiu prestar auxílio a várias pessoas do município e citou o caso de uma mulher trans que tinha problemas para aceitar sua condição.

“Por questão do sigilo ético não posso apresentar muitos detalhes. Mas ela conseguiu mudar a sua vida, está fazendo faculdade, já conseguiu um emprego e sua perspectiva de vida é muito melhor. É isso que queremos proporcionar para outras pessoas: oportunidade”, ressaltou Marcelo Guaraciaba.

Entre as ações desenvolvidas pelo Transformar para a população trans se destacam o encaminhamento para endocrinologia para tratamento hormonal, acompanhamento psicológico, auxílio na retificação do nome no Registro Civil e auxílio na inserção no mercado de trabalho formal.

“O respeito às pessoas trans não deve ser um assunto a ser lembrado apenas neste dia 29 de janeiro. A data é a comemoração de todo este guarda-chuva dos transgênicos, principalmente travestis e transexuais, que estavam à frente do movimento em 2004. Homem ou mulher, trans não tem nada a ver se a pessoa é homossexual, bissexual. Isso é orientação , outra conversa. Estamos falando de gênero. Uma pessoa que não se identifica com o gênero que a sociedade atribuiu a ela”, completou Marcelo Guaraciaba.

Texto: Antônio Anderson

Foto: Achei Pará de MInas

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